Martinho da Vila lança biografia familiar – “Memórias de Teresa de Jesus”

O lançamento de “Memórias de Teresa de Jesus”, que sai pela Editora Malê, foi no dia 6 de fevereiro, na Travessa do Leblon e teve um bate-papo do autor com Arnaldo Niskier, Cleo Ferreira, Helena Theodoro e Salgado Maranhão.

          Vinte e um anos depois de lançar o livro “Memórias póstumas de Teresa de Jesus”, Martinho da Vila reescreve e atualiza a obra, agora com o título de “Memórias de Teresa de Jesus”, que saiu pela Editora Malê.

          A noite de autógrafos foi na Livraria da Travessa do Leblon, no dia 6 de fevereiro, com direito a bate-papo do autor com o poeta Salgado Maranhão, que está preparando novo trabalho a ser lançado também pela Malê; a professora e pesquisadora da cultura afro-brasileira Helena Theodoro, o escritor e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Arnaldo Niskier; e Cleo Ferreira, esposa de Martinho.

          “Resolvi reescrever o livro porque já se passaram duas décadas, e, neste período, houve mudanças na história da família. Nasceram pessoas, morreram outras… Então, decidi atualizar”, explica Martinho da Vila.

          O clássico ficcional “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, inspirou Martinho até certo ponto. Afinal, as memórias de Teresa de Jesus são histórias reais da família Ferreira, contadas pela saudosa mãe do artista. Mas é claro que a biografia familiar tem um pouco de ficcional já que as baseia em memórias subjetivas. “É um pouco ficcional porque ninguém domina plenamente tramas de memória”, explica o autor que presenciou ou vivenciou muitos dos fatos narrados.

          As memórias de Teresa ganham um caráter coletivo, já que é possível contar o Brasil por meio das histórias das famílias negras. “Há muitos Martinhos pelo Brasil que não tiveram as portas abertas, as oportunidades que eu tive para escrever, contar histórias”, reflete o artista. E essa sorte foi anunciada logo que ele veio ao mundo.

          Quando Martinho nasceu na fazendinha Cedro Grande, em Duas Barras (RJ), onde seus pais trabalhavam, a família recebeu muitas visitas, entre as quais um vereador e o padre da cidade. Dona Joana, comadre de Teresa e que fez o parto de Martinho, logo percebeu que a criança era especial e anunciou que teria sorte e seria “alguém na vida”. Por isso que, no livro, Teresa de Jesus – que era católica – revela que Martinho é protegido por Oxalá. E o filho acha que é mesmo um sujeito de sorte. “Sou mesmo uma pessoa de muita sorte, nasci no interior, morei em favela e consegui subir na escala social, o que é muito difícil para os negros e pobres de uma maneira geral. Então, eu sou um predestinado”, conclui o autor.

          A literatura entrou na vida de Martinho por meio do pai, seu Josué, que lia muito e alfabetizou o filho. “Herdei isso dele e fiquei com vontade de escrever. Meu pai escrevia versos para a folia de reis, então eu sou um seguimento dele”, conta Martinho, que tem música e a literatura convivendo em harmonia em sua vida: “nos meus escritos, nos meus livros, misturo poesia e letras de música”.

          E o cantor, o compositor, o escritor e o cidadão Martinho da Vila são todos a mesma pessoa. Todas as facetas convivem bem entre si e tentam passar o que aprenderam pelo mundo para a família, aos fãs e leitores. Parece que a sorte de Martinho da Vila é também um pouco nossa.

Foto – Clilton Paz.

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